Plataformas de transmissões ao vivo nunca estiveram tão em alta. A Twitch, que começou como um espaço para gamers, hoje é um gigante no digital, com números que fazem qualquer marca prestar atenção.
Dados da Amazon Ads mostram que 52% dos usuários da Twitch passam mais de três horas por dia conectados, 59% dizem assistir a conteúdos na plataforma diariamente.
Mas, para aproveitar todo esse potencial de fidelidade e engajamento do público, você não pode cometer erros que seus concorrentes vão cometer (ou estão cometendo).
Estou falando de consequências de não entender que o marketing na Twitch segue regras diferentes de outras mídias sociais. E isso começa já na avaliação do público para saber se vale (realmente) a pena criar conteúdo nessa plataforma.
Preparamos um guia sobre como fazer marketing no Twitch para explicar tudo isso.
Queremos mostrar o básico sobre as particularidades da plataforma, os melhores exemplos e as estratégias que estão dando certo. Confira e tire suas dúvidas!
O que é a Twitch?
A Twitch é uma plataforma de streaming de vídeo ao vivo que se tornou referência para quem gosta de assistir e criar conteúdos em tempo real.
Ela nasceu em 2011, como um projeto derivado do Justin.tv, criado por Justin Kan e Emmett Shear. A ideia inicial era que a Twitch fosse um espaço voltado para transmissões de videogames.
E deu muito certo! Tanto que, em 2014, a Amazon comprou a plataforma por cerca de 970 milhões de dólares, um movimento que consolidou o sucesso do serviço e abriu portas para seu crescimento global.
O grande diferencial da Twitch é a capacidade de conectar pessoas. Streamers de diferentes partes do mundo compartilham suas telas enquanto jogam, desenham, cantam ou simplesmente conversam com o público.
São mais de 8 milhões de streamers ativos mensalmente, com milhões de espectadores assistindo, comentando e interagindo em tempo real (segundo dados da própria plataforma).
Como funciona a Twitch?
A Twitch funciona como uma grande vitrine de transmissões ao vivo, mas o que realmente a diferencia é a forma como criadores de conteúdo e público interagem simultaneamente.
Transmissão ao vivo
No núcleo da Twitch está a capacidade de transmitir conteúdo ao vivo de computadores, consoles ou celulares.
Os usuários, conhecidos como “streamers”, compartilham suas atividades, enquanto os espectadores assistem e interagem por meio de um chat ao vivo.
Fonte: Twitch Help
Os streamers utilizam softwares para capturar e transmitir suas telas e áudio, o que permite que o público acompanhe as atividades em tempo real.
É o streamer quem controla o ritmo da transmissão, escolhe os jogos ou assuntos, e muitas vezes até monta uma “agenda” para que o público saiba o que esperar.
Chat em tempo real
Uma das características mais atrativas da Twitch é que você não fica só assistindo. Tem um chat ao lado da transmissão, onde os espectadores podem mandar mensagens, fazer perguntas e sugerir o que o streamer deve fazer.
A troca ao vivo incentiva um vínculo que outras plataformas não conseguem oferecer. É como assistir TV, mas com a possibilidade de falar com quem está na tela.
Monetização
Muitos streamers ganham a vida com a Twitch. Existem várias formas de ganhar dinheiro por lá:
- assinaturas;
- doações;
- moeda virtual chamada “Bits”, que os fãs usam para apoiar seus criadores favoritos.
Existem também os anúncios que aparecem entre as transmissões e ajudam a compor a renda. Se você se destacar, pode entrar nos programas de Afiliados ou Parceiros da Twitch, que abrem ainda mais oportunidades de monetização e dão suporte profissional.
Comunidade
Um ponto forte é como a Twitch forma comunidades. Cada canal tem seu próprio clima, com espectadores fiéis que voltam sempre. É comum ver gente criando amizades e até eventos especiais organizados dentro dessas comunidades.
Quem é o público da Twitch?
O público da Twitch é o que a própria plataforma chama de “Geração Twitch”. Esse grupo é definido por um conjunto de características que refletem como diferentes gerações – Millennials, Geração Z e até a Geração Alpha – se conectam em um mundo digitalizado.
Todas essas gerações compartilham um aspecto importante: suas experiências e comportamentos estão fortemente influenciados por valores e autenticidade.
De acordo com o relatório da Twitch, “Geração Twitch: Liderando Mudança Cultural – Publicidade em um Mundo Emergente“, essa geração foi moldada em uma era de excesso de informações, em que é cada vez mais comum questionar a veracidade do que consumimos.
Adam Harris, chefe global do estúdio de parceria de marca na Twitch, explica que vivemos um momento em que fake news e deep fakes estão mais presentes do que nunca.
O atual cenário fez com que a Geração Twitch desenvolvesse uma busca por experiências e conteúdos que pareçam autênticos e reais.
Essa geração se distancia de comportamentos tradicionais que priorizam aparências polidas e produzidas. É por isso que a Twitch é um espaço para esse público: a plataforma oferece experiências ao vivo, sem filtros excessivos.
O relatório também aponta que, à medida que a Geração Twitch se consolida, muitos comportamentos antigos começam a desaparecer.
A ideia de aceitar informações sem questionar ou se engajar com conteúdos muito padronizados está ficando para trás. Para conquistar esse público, a recomendação é oferecer experiências em que o real esteja no centro da mensagem.
Como funciona o marketing na Twitch?
As marcas que almejam conquistar a Geração Z precisam fazer mais do que aparecer na timeline deles. Precisam fazer parte das conversas que eles estão tendo, no lugar onde elas estão acontecendo. A Twitch dá essa abertura.
Frase do Rafael Kiso, fundador e CMO da mLabs: “As mídias sociais têm uma natureza social, centrada em conversas. Estar presente nelas significa participar ou iniciar diálogos.”
Claro, a Twitch não é uma mídia social convencional. Não existe um feed lotado de publicações nem uma timeline para o usuário rolar por horas.
O foco está nas transmissões ao vivo. As marcas que entendem essa lógica podem usar estratégias que saem do óbvio, como parcerias com streamers que já têm uma conexão forte com a audiência, e mecanismos de tráfego pago dentro da plataforma.
A seguir, entenda quais são as principais formas de fazer marketing dentro da Twitch.
Native Ads
Os anúncios nativos na Twitch são integrados ao conteúdo da plataforma, o que significa que eles aparecem de forma natural, sem interromper a experiência do usuário.
Um anúncio podem ser exibidos antes ou durante as transmissões. Eles podem ser exibidos em vários formatos:
- Anúncios de Display: aparecem em locais estratégicos, como o carrossel da página inicial ou banners durante as transmissões, garantindo alta visibilidade.
- Vídeos Premium: reproduzidos em computadores, dispositivos móveis, tablets e TVs conectadas, esses anúncios têm grande alcance.
O segredo para anúncios nativos bem-sucedidos na Twitch é a personalização.
A plataforma permite segmentar os anúncios de acordo com o público-alvo, garantindo que a mensagem chegue às pessoas certas.
Parcerias
Os streamers são influenciadores digitais, e a parceria com eles significa colocar a marca no centro da atenção do público .
As marcas estão fechando parcerias pontuais para que os streamers mostrem produtos durante a live, façam um unboxing ou até criem um desafio envolvendo a marca.
A divulgação acontece de forma natural, com o criador de conteúdo falando diretamente com o público de um jeito que só ele sabe fazer.
Um detalhe importante é que toda ação promocional precisa seguir as regras da Twitch. O streamer deve:
- Usar a Ferramenta de Conteúdo Promocional da plataforma para informar o público de que a live contém material patrocinado;
- Seguir as Diretrizes de Publicidade, deixando claro se recebeu produtos gratuitamente ou foi pago para promover algo;
- Estar em conformidade com os Termos de Serviço da Twitch e, claro, com a lei.
Esses cuidados são importantes para manter a transparência com a audiência – e transparência é algo que o público da Twitch valoriza demais.
Patrocínios
A Twitch tem uma ferramenta chamada Lista de Patrocínios, que basicamente faz a ponte entre marcas e streamers.
Funciona assim: a plataforma encontra as oportunidades, organiza os pagamentos e gerencia o relacionamento entre a marca anunciante e o streamer. Para quem está começando ou quer simplificar o processo, é uma grande vantagem.
Os streamers recebem uma parcela das marcas que varia conforme a localização, o tipo de patrocínio e a influência do criador.
Mas as marcas não precisam ficar presas a essa ferramenta da Twitch para patrocinar influenciadores que fazem transmissões na Twitch. Se a marca tem um projeto ou quer algo mais exclusivo, pode negociar diretamente com os streamers.
Para quais tipos de marcas a Twitch é útil?
No marketing, as pessoas são sempre o ponto de partida. Saber quem são, o que valorizam e onde estão é o básico para saber se vale a pena (ou não) investir em um canal digital.
No caso da Twitch, não basta que a marca tenha um público alinhado demograficamente com o da plataforma – Millennials, Geração Z e Geração Alpha.
É necessário entender se o público da marca realmente está lá, assistindo a transmissões ao vivo e interagindo com o ambiente único que a Twitch oferece.
A pergunta não é “Meu público tem o perfil da Twitch?”, e sim “Meu público está na Twitch e participa do ecossistema dela?”.
A Twitch não é como outras redes sociais em que o conteúdo está disponível o tempo todo e é consumido de forma passiva, em pequenas doses.
Nesse caso, a dinâmica é sobre presença no momento, engajamento em tempo real e uma relação contínua com os criadores de conteúdo.
Se sua persona não tem o hábito de consumir transmissões ao vivo, isso não significa que a marca não pode usar a Twitch, mas talvez não alcance os mesmos números que os grandes players da plataforma.
Em muitos casos, pode ser uma aposta estratégica em um comportamento que tenha afinidade com o estilo de vida ou valores da audiência.
Como funciona o marketing de influência na Twitch?
Com milhões de usuários dedicando horas diárias ao consumo de conteúdo, a Twitch se tornou o ponto de encontro para as gerações mais novas.
Não é por acaso que os números do mercado de marketing de influência cresceram tanto – e a Twitch desempenha um papel central nesse movimento.
Estima-se que o mercado global de influenciadores movimente cerca de 24 bilhões de dólares, mais do que triplicando seu tamanho desde 2019.
Os influenciadores – que podem ser criadores de conteúdo, streamers, artistas ou especialistas em determinada área – atuam como intermediários para conectar marcas a suas audiências de maneira mais pessoal.
Em vez de simplesmente vender um produto, o objetivo do marketing de influência é construir confiança e proximidade para tornar a promoção mais eficaz.
Uma combinação de fatores faz da Twitch um campo fértil para o marketing de influência:
- Interação em tempo real;
- Público segmentado e engajado;
- Incentivo à autenticidade;
- Conexão emocional entre streamer e público.
A ideia de conectar empresas a consumidores por meio de pessoas reais, com autoridade sobre seus públicos, evoluiu e atingiu um patamar onde autenticidade, engajamento e resultados concretos se encontram.
Quando um streamer na Twitch menciona ou demonstra um produto em sua transmissão, isso acontece de forma espontânea, muitas vezes respondendo diretamente às perguntas ou curiosidades da audiência.
A proximidade transforma uma simples estratégia de marketing em uma experiência na qual o público não apenas vê, mas sente que faz parte da conversa com uma marca.
Como se forma uma comunidade na Twitch?
Para as marcas, as comunidades são importantes – mas também criar uma pode ser um desafio. Porque na Twitch, ninguém entra na comunidade por acidente.
É preciso construir e cultivar esse espaço. Então, se você quer entender como as comunidades se formam na Twitch e como as marcas podem fazer parte disso, confira algumas lições.
Todos querem um propósito claro
Toda comunidade forte nasce de um propósito que une as pessoas. Na Twitch, isso pode ser o amor por um jogo, o interesse por uma arte ou o desejo de se divertir.
Se a marca quer formar uma comunidade, precisa ter um motivo que se conecte com a audiência. Pergunte-se: “Por que as pessoas se reuniriam em torno da marca?”. Não basta vender um produto, você precisa oferecer um valor ou uma experiência que vá além.
Ninguém segue quem aparece de vez em quando
Comunidades na Twitch não nascem de uma live isolada. Elas são construídas ao longo do tempo, com presença consistente.
Para uma marca, isso significa mais do que só transmitir de vez em quando. É criar uma rotina que a audiência possa esperar e se preparar para participar.
Pode ser semanal, quinzenal ou até diário, o importante é que seu público saiba quando e como você estará presente.
As pessoas querem ser ouvidas
Na Twitch, o chat é o espaço para conversar com a audiência. Para as pessoas que representam as marcas ali, isso envolve estarem atentas ao que o público diz, responder perguntas e ajustar o conteúdo em tempo real com base no que as pessoas pedem.
Quanto mais você interage, mais as pessoas se sentem parte da comunidade. Ninguém quer conversar com um robô. Mostre o lado humano da marca.
Os influenciadores têm a contribuir para uma comunidade
Começar do zero parece difícil? Por que não aprender com quem já entende do jogo? Parcerias com streamers que possuem comunidades bem estabelecidas podem ser o empurrão que sua marca precisa.
Mas atenção: escolha influenciadores cujos valores e conteúdo tenham a ver com a identidade da marca. A conexão precisa ser genuína, ou o público não vai comprar a ideia.
As pessoas querem motivos para ficar
Comunidades não se formam em torno de algo vazio. Para atrair e reter pessoas, a marca precisa oferecer algo que elas considerem relevante.
Pode ser entretenimento, descontos ou até uma experiência. O ponto é: o que você está oferecendo precisa fazer sentido para o público que você quer atingir. Se você for relevante, as pessoas não só virão, elas ficarão.
Exemplos de marcas de sucesso na Twitch
A Twitch está cheia de marcas que entenderam como aproveitar o potencial das transmissões ao vivo e se conectar de verdade com o público.
Separamos alguns cases de sucesso que mostram como empresas de diferentes segmentos estão aproveitando a plataforma.
Dá uma olhada e encontre a inspiração que ainda falta!
Elgato
A Elgato, especializada em equipamentos para criadores de conteúdo, como placas de captura e iluminação, tem uma presença forte na Twitch.
Por fornecer produtos que atendem diretamente às necessidades dos streamers, a marca se posiciona como uma parceira para quem busca qualidade em suas transmissões.
Patrocinando vários streamers de peso, a Elgato conseguiu se tornar indispensável para quem leva o streaming a sério.
CazéTV
O Casimiro, ou simplesmente Cazé, é um dos fenômenos da Twitch, e com razão. Seu carisma conquistou uma audiência fiel, e isso chamou a atenção de grandes marcas.
A iniciativa “CazéTV” é um exemplo de como conteúdos na Twitch podem ser profissionalizados e patrocinados, sem perder a espontaneidade que o público ama.
Ele já trabalhou com nomes como iFood e McDonald’s, mostrando que até o streaming pode ser uma vitrine de alto impacto para marcas que querem alcançar os jovens brasileiros.
Red Bull
A Red Bull virou sinônimo de eSports. Na Twitch, a marca vai além dos anúncios tradicionais, criando ações que são integradas ao conteúdo da plataforma.
Desde patrocínios de grandes competições até colaborações com streamers influentes, a Red Bull mostra que entende como conversar com o público gamer.
Quais métricas observar para medir campanhas na Twitch?
Medir o sucesso na Twitch é um pouco diferente do que nas redes sociais. As métricas precisam capturar em tempo real o nível de engajamento que a marca conseguiu gerar.
Preparamos uma lista com as 8 principais métricas para acompanhar e garantir que sua campanha esteja no caminho certo:
1. Visualizações totais
Essa é a métrica mais básica, mas importante. Quantas pessoas estão assistindo à transmissão patrocinada ou ao conteúdo onde sua marca aparece?
O que importa não é apenas o número total, mas o pico de visualizações e o tempo médio que as pessoas passam assistindo. Quanto maior a retenção, melhor!
2. Tempo de visualização
Na Twitch, não é só sobre quem viu, mas por quanto tempo ficaram. Se a campanha manteve o público assistindo por um período, é um sinal de que o conteúdo foi relevante e conseguiu prender a atenção – algo valioso em uma plataforma tão grande.
3. Engajamento no chat
O chat ao vivo é o coração da Twitch. Fique atento a quantas pessoas interagiram durante a live.
Comentários, perguntas e reações simples como emojis podem te mostrar se o público estava realmente conectado com a transmissão e, por consequência, com sua marca.
4. Cliques em links
Se você usou links para páginas externas – como site ou landing page –, acompanhe a quantidade de cliques gerados. É uma forma prática de medir quantos espectadores da Twitch se interessaram em saber mais sobre o que você está promovendo.
5. Crescimento do streamer
Se a campanha da marca teve parceria com um streamer, observe o impacto que ela teve no crescimento do canal dele.
Aumento no número de seguidores, novas assinaturas e até visualizações em outras transmissões podem indicar que a campanha trouxe resultados positivos para ambas as partes.
6. Taxa de conversão
Quantos cliques no link ou ações do público resultaram em compras, cadastros ou outro objetivo que você tinha na campanha?
É uma métrica mais difícil de medir diretamente, mas com boas ferramentas de tracking, você pode entender o impacto real da campanha na Twitch para o seu negócio.
7. Menções à marca
Monitore como e quantas vezes a marca foi mencionada no chat ou em redes sociais relacionadas à live. O resultado dá uma noção de como o público está reagindo à campanha e se sua marca está sendo lembrada da forma certa.
8. Retenção do público
Além do tempo de visualização, é importante ver quantas pessoas ficaram até o final da transmissão.
Uma boa retenção mostra que o conteúdo prendeu o público, mantendo o interesse do início ao fim – algo que pode fazer toda a diferença na percepção da sua marca.
A pergunta que fica é: “dá para fazer marketing na Twitch começando do zero?”
Sim, dá, mas é preciso estar disposto a investir tempo, esforço e, acima de tudo, criar um espaço onde as pessoas queiram estar. Na Twitch, as comunidades não se formam só por números; elas são construídas em torno de valores, interação e consistência.
Quer aprender os hacks para dominar o Youtube Shorts? Aprenda aqui tudo sobre como usar esse formato nas suas estratégias de marketing.