Resumo
- A desinformação pode assumir diversas formas, de memes despretensiosos a teorias da conspiração, e se espalha até 10 vezes mais rápido que informações verdadeiras nas redes sociais.
- Marcas têm papel estratégico no combate à desinformação, ajudando a manter o debate público mais saudável e protegendo sua reputação e credibilidade.
- Educar o público, verificar fontes e moderar ativamente comentários são ações práticas que ajudam a frear o avanço da desinformação nas redes.
Na era dos memes, dos vídeos virais e dos prints fora de contexto, a informação não anda, ela corre. Infelizmente, a desinformação corre ainda mais rápido.
Não é de hoje que conteúdos distorcidos, sensacionalistas ou simplesmente falsos circulam pelas redes sociais como se fossem verdades absolutas.
O problema é que, no meio dessa enxurrada de posts, stories e threads, fica difícil separar o que é fato do que é só fumaça.
A consequência vai muito além de um boato inocente: a desinformação pode influenciar eleições, desacreditar a ciência, prejudicar a saúde pública e afetar, inclusive, a reputação de marcas que se veem envolvidas (mesmo que sem querer) em narrativas distorcidas.
De acordo com uma pesquisa global da UNESCO e da Ipsos (2023), 87% das pessoas acreditam que a desinformação já prejudicou a política de seus países — e mais de 85% estão preocupadas com o impacto disso na sociedade.
Por isso, neste texto, vamos falar sobre o que é desinformação, como ela se espalha pelas redes sociais e, o mais importante: como combatê-la de forma responsável.
Porque, no fim das contas, todo mundo quer viver em um feed com menos caos, mais verdade e (por que não?) um pouco mais de bom senso.
O que é desinformação?
Desinformação é a divulgação de informações falsas ou enganosas que pode manipular, confundir ou influenciar a opinião pública.
Ou, em poucas palavras, o conteúdo errado com cara de certo. É aquela informação distorcida, exagerada ou totalmente falsa que circula por aí como se fosse verdade, geralmente com um título chamativo e uma imagem impactante, só pra garantir o clique.
Mas atenção: desinformação não é necessariamente uma mentira contada por maldade.
Às vezes, pode ser um erro de apuração, uma interpretação equivocada ou até uma piada que saiu do controle. O ponto em comum? Ela confunde a percepção das pessoas.
Nas redes sociais, onde todo mundo pode ser um pequeno veículo de “notícias”, a coisa ganha proporções preocupantes. Imagens editadas, vídeos fora de contexto e manchetes sensacionalistas se espalham como fogo em palha seca.
Um estudo da Harvard Kennedy School (2023) explica bem o problema: “a desinformação online está crescendo, e novas tecnologias tornam mais fácil do que nunca editar fotos e vídeos para refletir uma realidade que simplesmente não existe.”
E o mais perigoso: mesmo quando desmentida, a desinformação continua fazendo estrago. Porque o que viraliza não é a correção, mas a primeira impressão.
Por que existe tanta desinformação nas redes sociais?
Porque, infelizmente, o botão de “compartilhar” é mais rápido que o de “verificar fonte”.
As redes sociais foram pensadas para conectar pessoas, mas também para prender a atenção delas o máximo de tempo possível.
O problema é que, nesse jogo, o que mais prende atenção não são os fatos bem apurados, mas os conteúdos que geram emoção. De preferência, com uma pitada de polêmica. É aí que a desinformação nada de braçada.
Um modelo que recompensa o sensacionalismo
A lógica por trás das redes sociais é simples: quanto mais tempo você passa na plataforma, mais anúncios você vê.
Para isso, os algoritmos aprendem o que te faz rolar o feed — e, muitas vezes, isso inclui conteúdo indignante, absurdo ou altamente emocional.
De acordo com o psicólogo social Jonathan Haidt, o que viraliza nas redes não são as histórias equilibradas e bem pesquisadas, mas sim aquelas que provocam. “A indignação é a chave da viralização”, diz ele. E a desinformação sabe disso.
Algoritmos + viés = terreno fértil para boatos
As plataformas personalizam o que você vê com base nas suas interações anteriores. Se você clicou num post duvidoso, vai ver mais do mesmo.
Assim surgem as famosas “bolhas de informação” ou “câmaras de eco”, onde o usuário só vê opiniões que reforçam aquilo em que já acredita, mesmo que sejam falsas.
Com isso, a desinformação circula entre grupos parecidos, ganhando força sem ser desafiada por informações verificadas.
E quem está espalhando?
Segundo um estudo da APA (American Psychological Association, 2024), apenas 15% dos usuários que mais compartilham “notícias” nas redes sociais são responsáveis por até 40% de toda a desinformação no Facebook. Ou seja, um grupo pequeno com muito impacto.
A lógica da recompensa — mais curtidas, comentários e visualizações — incentiva esses supercompartilhadores a continuar distribuindo o que engaja, mesmo que seja falso.
Qual é a diferença entre desinformação e fake news?
Embora sejam primas próximas, desinformação e fake news não são exatamente a mesma coisa, mas ambas causam dor de cabeça em quem trabalha com redes sociais e comunicação digital.
Desinformação é o termo guarda-chuva. Ele abrange qualquer tipo de informação incorreta, seja ela propagada por engano ou com má intenção.
Já fake news (ou notícias falsas) são um tipo específico de desinformação, aquelas que imitam uma notícia jornalística, mas com conteúdo inventado ou manipulado, geralmente com o objetivo de enganar, causar confusão ou gerar algum tipo de ganho (político, financeiro ou de influência).
Ou seja: toda fake news é desinformação, mas nem toda desinformação é fake news. Às vezes, o post só tem um dado desatualizado. Outras vezes, é um print tirado do contexto. E em casos mais graves… é um festival de mentiras bem-produzido.
Quais são os tipos de desinformação nas redes sociais?
A desinformação não tem uma única forma. Ela pode aparecer como um meme despretensioso ou uma notícia alarmante com aparência de jornalismo sério.
Reconhecer esses formatos é o primeiro passo para combatê-los. A seguir, listamos os principais tipos de desinformação que circulam nas redes sociais.
Tipo de desinformação | Descrição |
Conteúdo enganoso | Usa informações verdadeiras fora de contexto para construir uma narrativa equivocada |
Conteúdo fabricado | Totalmente inventado, sem base real, criado para confundir ou manipular |
Conteúdo satírico | Criado com humor ou crítica, mas pode ser interpretado como verdadeiro |
Conteúdo manipulado | Textos, imagens ou vídeos alterados para enganar |
Contexto falso | A informação é real, mas o tempo, local ou circunstância foram alterados |
Clickbait | Títulos sensacionalistas que distorcem o conteúdo real para atrair cliques |
Conteúdo impostor | Falsificação de identidades confiáveis, como perfis de veículos de mídia ou instituições |
Desinformação motivada por viés | Informações falsas compartilhadas por afinidade ideológica ou crença pessoal |
Boatos (ou rumores) | Mensagens vagas e apelativas, sem fonte, espalhadas informalmente |
Deepfakes | Imagens, áudios ou vídeos gerados por IA que simulam pessoas reais de forma convincente |
Teorias da conspiração | Narrativas falsas basadas em suposições de tramas ocultas, ignorando evidências concretas |
Omissão proposital | Supressão intencional de informações relevantes para induzir o público a uma interpretação equivocada |
Conteúdo enganoso
Usa informações verdadeiras fora de contexto para construir uma narrativa equivocada. Um dado real, mas desatualizado. Uma imagem verdadeira com uma legenda falsa. Parece inofensivo, mas distorce a compreensão dos fatos.
Conteúdo fabricado
Totalmente inventado. Não tem base na realidade, nem aproveita elementos verdadeiros. São as chamadas “fake news puras”, criadas para confundir ou manipular a audiência.
Conteúdo satírico ou paródia
Criado com intenção de humor, crítica ou ironia, mas que nem sempre é interpretado dessa forma. Muitas vezes, as pessoas compartilham esse conteúdo acreditando que é real.
Conteúdo manipulado
Textos, imagens ou vídeos que foram alterados com o objetivo de enganar. Com o avanço da inteligência artificial, esse tipo de desinformação tem se tornado mais sofisticado e difícil de identificar.
Contexto falso
A informação, isoladamente, pode até ser verdadeira, mas é apresentada de forma descontextualizada. A imagem ou declaração ocorreu, mas não na data, lugar ou circunstância informada.
Conexão enganosa (clickbait)
Títulos sensacionalistas ou miniaturas exageradas que prometem algo que o conteúdo não entrega. Mesmo que a informação esteja correta, ela é apresentada de forma distorcida para atrair atenção.
Conteúdo impostor
Quando uma fonte ou identidade legítima é falsificada para parecer confiável.
Por exemplo, perfis falsos que imitam veículos de mídia, especialistas ou instituições públicas, usando logotipos, nomes semelhantes ou layouts visuais quase idênticos.
Esse tipo é especialmente perigoso porque “veste” a credibilidade de outras fontes.
Desinformação motivada por viés
Informações compartilhadas com base em crenças pessoais ou ideológicas, ainda que falsas ou imprecisas.
Muitas vezes, quem compartilha acredita na veracidade do conteúdo, reforçando sua própria visão de mundo, o famoso “viés de confirmação”.
Boatos (rumores)
Mensagens que circulam de forma rápida e informal, geralmente com linguagem vaga, apelativa e sem fontes verificáveis.
São comuns em grupos fechados, como WhatsApp e Telegram, e muitas vezes ganham força por virem “de alguém confiável”.
Deepfakes
Imagens, áudios ou vídeos gerados com o auxílio de inteligência artificial, que simulam falas ou ações de pessoas reais.
Esses conteúdos podem parecer extremamente reais e têm sido usados, inclusive, para fins políticos ou para manipular a opinião pública.
Teorias da conspiração
Narrativas estruturadas que tentam explicar eventos com base em tramas ocultas, muitas vezes envolvendo instituições, governos ou grupos sociais.
Apesar de parecerem “bem amarradas”, elas costumam ignorar dados concretos e distorcer fatos para sustentar hipóteses falsas.
Omissão proposital
Ao contrário de outros tipos de desinformação que manipulam ou inventam dados, a omissão proposital atua no que não é dito.
Nesse caso, informações relevantes, contextos importantes ou detalhes que poderiam mudar a interpretação dos fatos são intencionalmente deixados de fora.
Essa prática pode ser tão enganosa quanto uma mentira direta, pois induz o público a formar uma opinião baseada em uma visão parcial ou distorcida da realidade.
Qual é a importância de combater a desinformação nas redes sociais?
A internet pode até parecer um meme infinito, mas o impacto da desinformação é real.
Vivemos em um cenário em que as redes sociais deixaram de ser apenas espaços de entretenimento. Para muitas pessoas, elas se tornaram a principal fonte de informação.
Quando essa informação está contaminada por fake news, teorias conspiratórias ou dados distorcidos, os prejuízos vão muito além da timeline.
E as marcas não estão imunes. Uma empresa pode ver sua reputação abalada com uma notícia falsa ou mal interpretada.
No ambiente digital, a lógica é cruel: muitas vezes, basta um print para a crise começar.
Combater a desinformação, portanto, é uma responsabilidade coletiva. Não cabe só aos governos ou à imprensa: envolve usuários, plataformas e, sim, empresas também.
Ao se posicionar com clareza, promover a transparência e checar informações antes de publicar, marcas demonstram responsabilidade social e fortalecem sua imagem institucional.
Em um ambiente repleto de ruído e incerteza, o compromisso com a verdade se torna um diferencial competitivo.
Qual é o papel das marcas no combate à desinformação?
Desinformação não é só um problema dos outros. Quando fake news se espalham, a credibilidade das marcas também entra na roda, e o impacto pode ser bem mais profundo do que alguns cliques a menos.
Nesse ambiente digital, cada vez mais barulhento, confiança virou um dos ativos mais valiosos.
Segundo o relatório Edelman Trust Barometer 2024, 63% das pessoas confiam mais em marcas do que em governos quando o assunto é informação confiável nas redes sociais.
Isso quer dizer que, se você é uma marca, o público espera que você ajude a separar o sinal do ruído.
Ainda segundo o mesmo relatório, consumidores estão mais propensos a comprar, recomendar ou defender marcas que demonstram responsabilidade social. Ou seja: não é só questão de reputação, mas também de conversão.
Como a desinformação se espalha na web?
A desinformação se espalha pela web com a mesma velocidade (ou até mais) do que o vídeo de um gato pianista.
Mas, diferente dos memes fofos, o conteúdo enganoso tem consequências bem mais sérias. E entender como ele se propaga é fundamental para conseguir combatê-lo com mais eficiência.
Redes sociais funcionam como grandes amplificadores. Quando um conteúdo é compartilhado, curtido ou comentado, ele ganha força e visibilidade.
E o que gera mais engajamento costuma ser justamente aquilo que mexe com emoções intensas: indignação, medo, raiva. Em outras palavras, quanto mais polêmico ou escandaloso for o conteúdo, maiores as chances de viralizar.
Segundo um estudo do MIT, fake news têm até 70% mais chances de serem compartilhadas do que notícias verdadeiras e se espalham até 10 vezes mais rápido nas redes (2018).
Isso acontece porque conteúdos falsos costumam ser mais “interessantes”. No duelo entre o factualmente correto e o emocionalmente impactante, o segundo quase sempre leva a melhor.
Além disso, o funcionamento das bolhas digitais e das chamadas “echo chambers” contribui para o problema. O usuário tende a seguir e interagir com pessoas que pensam como ele.
O resultado? Uma timeline cheia de conteúdos que reforçam suas crenças, mesmo que essas crenças sejam baseadas em informações falsas. E quanto mais se compartilha dentro dessas bolhas, mais difícil se torna quebrá-las com fatos.
No fim das contas, a combinação de algoritmos focados em engajamento, bolhas informacionais e motivações pessoais cria o terreno perfeito para a desinformação florescer.
Como combater a desinformação nas redes sociais?
Você já entendeu o tamanho do problema. Agora é hora de agir.
Combater a desinformação não depende apenas de plataformas e governos: marcas, criadores de conteúdo e profissionais de social media também têm um papel importante.
A boa notícia é que dá pra começar com ações simples (mas poderosas). Vamos a elas.
Educação de público
Criar conteúdos informativos e acessíveis é um ótimo ponto de partida. Falar sobre como identificar fontes confiáveis, explicar o que é clickbait ou mostrar o impacto das fake news pode, literalmente, mudar a forma como as pessoas se comportam online.
Pode ser um carrossel no Instagram, um vídeo leve no Reels ou um fio didático no Threads.
Verificação de fatos e fontes
Antes de compartilhar qualquer dado, link ou notícia, vale o bom e velho “confere aí”.
Aposte em fontes confiáveis, institutos de pesquisa, portais reconhecidos e, se possível, cite de onde vem a informação. Isso não só evita erros, como também fortalece a autoridade da sua marca.
Sinalização de conteúdo duvidoso
Redes como o Instagram e o Facebook já oferecem opções para denunciar publicações suspeitas.
Incentive a sua comunidade a usar esses recursos e, se possível, seja proativo: sinalize nos comentários quando um seguidor compartilhar informações falsas e ofereça um link confiável com o contexto correto.
Moderação ativa dos comentários
Você não precisa virar moderador 24h, mas vale a pena manter um olho atento na sua comunidade.
Comentários com teor conspiratório, ataques ou dados falsos podem (e devem) ser moderados. Lembre-se: deixar esse tipo de conteúdo sem resposta também é uma forma de conivência.
Parcerias com organizações de checagem
Se a sua marca tem um papel social relevante, vale considerar colaborações com agências de fact-checking, como a Lupa ou o Comprova.
Essas iniciativas reforçam a credibilidade e mostram que sua empresa leva a sério a responsabilidade com a informação.
Comunicação transparente
Não adianta corrigir uma informação de forma ríspida ou arrogante. Quando a marca se comunica com empatia e respeito, aumenta as chances de ser ouvida.
Explique, contextualize, converse. E, se errar, não hesite em corrigir publicamente. Isso mostra maturidade e comprometimento.
Ferramentas para ajudar a identificar e combater desinformação
Não dá pra combater desinformação só com feeling. Para separar o que é real do que é lorota, é fundamental contar com ferramentas que ajudam a verificar fatos, monitorar conversas e manter os canais da marca longe de ciladas digitais.
Confira algumas que fazem a diferença no dia a dia de quem trabalha com redes sociais (ou só quer dormir mais tranquilo).
Google Fact Check Explorer
Ferramenta gratuita que permite pesquisar rapidamente se determinada informação já foi checada por alguma agência de verificação.
É ideal para social medias conferirem dados antes de postar e pode ser acessada por qualquer pessoa.
Projeto Comprova
Iniciativa colaborativa de checagem de informações no Brasil, que reúne veículos jornalísticos para verificar conteúdos suspeitos, especialmente em períodos eleitorais e em temas sensíveis como saúde pública.
Agência Lupa
Uma das primeiras plataformas brasileiras de fact-checking. Produz conteúdos explicativos, checagens e relatórios sobre desinformação, com foco em política, saúde e direitos humanos.
Snopes
Plataforma americana com escopo internacional. Verifica rumores, teorias da conspiração, memes virais e fake news clássicas. É uma ótima referência para conteúdos globais ou mais antigos que ainda circulam.
A desinformação é uma das grandes ameaças da era digital. Ela afeta a confiança, distorce debates importantes e pode colocar em risco desde a reputação de marcas até a saúde pública.
Como vimos, nem sempre ela vem disfarçada de notícia falsa. Muitas vezes, o perigo está em conteúdos editados, meias verdades ou simplesmente informações fora de contexto.
Mas o lado bom é que dá pra agir. Educar a audiência, reforçar o compromisso com fontes confiáveis, ser transparente e cultivar uma comunicação ética já são passos poderosos nessa jornada.
Para as marcas, isso significa mais do que apenas “evitar gafes”: é uma oportunidade de se posicionar como fonte confiável em meio ao caos informacional.
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