Se você é social media e pensa que design inclusivo não tem nada a ver com o seu trabalho, é hora de mudar de ideia! O design inclusivo para social media é uma realidade, usando ideias que já vem sendo trabalhada por UX designers e desenvolvedores web.
O design inclusivo — também chamado de design universal ou design for all (design para todos, em inglês — quer que todas as pessoas tenham oportunidades iguais de participar de todos os aspectos da sociedade, considerando as suas diferenças. E as redes sociais são um importante espaço da sociedade atualmente, não acha?
Trazer esse pensamento para as redes sociais pode transformar a comunicação e a interação entre a marca e pessoas com algum tipo de deficiência, por exemplo. E existem diferentes dicas para fazer isso!
1. Faça textos acessíveis
Você sabia que pessoas com deficiência visual utilizam leitores de tela para terem acesso aos conteúdos da internet? É um recurso de tecnologia assistiva para melhorar a sua rotina.
O problema é que, muitas vezes, a leitura se torna truncada por práticas que costumamos adotar nas redes sociais, como o uso de emojis, hashtags e arrobas. Veja esse exemplo:
Guga, eu sei que talvez você nunca veja essa mensagem: Gosto mt do seu trabalho mas queria sugerir para diminuir o número de emoji no nome do perfil. É um entrave na comunicação para pessoas cegas que usam leitor de tela como eu. demora muito para chegar no conteúdo. Exemplo: pic.twitter.com/AlCaNXFtDd
— Gustavo (@torniero) November 6, 2020
Para evitar esses problemas e deixar seus textos mais claros e acessíveis nas redes sociais, segue essas dicas aqui:
- coloque menções e hashtags ao final do conteúdo, limite o uso de emojis e evite caracteres especiais, para que não sejam um entrave no meio da leitura.
- evite usar arroba ou a letra X como recurso de linguagem neutra. Em vez de “tod@s” ou “todxs”, por exemplo, prefira “todes” ou “todas e todos”;
- escreva com uma linguagem clara, com pontuação, acentuação e gramática corretas;
- evite o uso de “clique aqui” ou “assine aqui”. Priorize CTAs descritivas como “cadastre-se”, “assine a newsletter” ou “teste grátis”;
- utilize um tamanho adequado de fonte, para facilitar a leitura de quem tem problemas de visão.
2. Descreva as imagens no texto alternativo
As principais plataformas de redes sociais, como Instagram, Twitter, LinkedIn e Facebook, oferecem um texto alternativo para os seus posts. Esse recurso descreve a imagem para pessoas com deficiência visual, por meio dos leitores de tela.
Por meio desse recurso é possível promover uma melhor experiência do usuário e inclusão de pessoas que têm dificuldades visuais.
Veja um exemplo de como você pode incluir o texto alternativo no Instagram (disponível apenas para fotos no feed):
O texto alternativo pode ser criado automaticamente pelo app, mas o ideal é que você se dedique a descrever a imagem com as suas palavras para humanizar o texto. Para isso, vale a pena seguir algumas dicas:
- evite descrições muito detalhadas, a não ser que seja extremamente necessário. Concentre-se no conteúdo central e no contexto da imagem;
- evite começar com “imagem de…”, pois os leitores de tela já informam que se trata de uma imagem;
- não repita o texto da legenda no texto alternativo, pois o leitor de tela vai ler os dois. Utilize o texto alternativo para oferecer detalhes adicionais.
3. Inclua legendas nos vídeos
Vídeos são cada vez mais populares nas redes sociais. Mas você já pensou que muitas pessoas não ouvem o áudio dos seus vídeos? Pessoas com deficiência auditiva precisam de um recurso para ajudá-las a apreender o conteúdo dos vídeos: as legendas.
As plataformas de redes sociais já estão se ligando nisso. O Instagram, por exemplo, lançou em 2020 um recurso que cria legendas automáticas para os vídeos, por meio de uma ferramenta de inteligência artificial.
Mas se você não quer depender das legendas automáticas — que podem apresentar alguns erros — insira você mesmo!
Essa medida de design inclusivo gera mais engajamento e melhora a experiência de todos os usuários, não só quem não pode ouvir o áudio, mas também quem prefere assistir aos vídeos no mudo.
4. Utilize a língua de sinais
Legendas são um recurso importante de design inclusivo para vídeos. Mas não são suficientes.
Você já pensou que muitas pessoas surdas não são bilíngues? Elas sabem a língua de sinais, mas, se já nasceram surdas ou perderam audição antes de serem alfabetizadas, podem ter dificuldades com o português.
Portanto, é preciso também pensar no uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Geralmente os vídeos incluem uma janela com um intérprete de Libras, que, embora seja um recurso mais caro e complexo, é ideal para a comunicação com surdos.
O plugin HandTalk pode ajudar nessa tarefa.
5. Faça a descrição dos vídeos
E quanto aos cegos e às pessoas com baixa visão, como elas assistem aos vídeos? Elas ouvem o áudio, mas a experiência de assistir a um vídeo também tem tudo a ver com as imagens.
Por isso, o design inclusivo em vídeos não pode parar nas legendas. Dedique-se também a criar uma descrição que explique o que o vídeo mostra e torne a experiência mais completa.
Outra opção é fazer a audiodescrição, que descreve as ações, a linguagem corporal, a ambientação, os figurinos e outros aspectos visuais. Veja o exemplo desse trailer:
6. Utilize cores contrastantes na arte
Muitas vezes, o social media é responsável por criar ou editar imagens para publicar nas redes sociais, não é? Então, o design inclusivo também deve entrar na sua criação.
Para isso, é importante dar atenção ao contraste das imagens. Pense na experiência de daltônicos ou pessoas com catarata, glaucoma e baixa visão ou ainda em quem tem dificuldades cognitivas de foco e atenção.
Para essas pessoas, textos e imagens sem contraste prejudicam a experiência nas redes sociais. Então, siga estas dicas:
- evite combinações de verde e vermelho, azul e amarelo ou cores análogas (muito próximas), que dificultam a leitura;
- prefira usar um fundo sólido ou contrastante para facilitar a leitura;
- considere o uso de ícones e figuras que transmitam o conteúdo mesmo que a pessoa não consiga distinguir as cores. Faça o design não depender da cor.
A W3C recomenda um contraste mínimo de 1:4.5, ou de 1:3 para textos maiores. Vale a pena também usar ferramentas que validam o contraste e testam a percepção de cores com daltonismo.
7. Promova a inclusão positiva
Além da inclusão de pessoas com deficiência, é preciso pensar também nas mais variadas formas de discriminação: racismo, machismo, LGBTfobia, xenofobia e tantas outras.
Por isso, o design inclusivo também precisa olhar para negros, indígenas, mulheres, LGBTQIs e todos que sofrem preconceito. Essas pessoas também querem seu espaço e devem se sentir representadas nos conteúdos das redes sociais, nos ambientes de trabalho, nas posições de poder.
Por isso, comece a prestar atenção nos conteúdos que você publica nas redes sociais — as fotos, os assuntos, as interações — e se eles abrangem a diversidade da população brasileira.
Por que o design inclusivo é importante para o social media?
Acessibilidade e diversidade não são apenas palavras de efeito. Elas devem entrar nos ambientes de trabalho para termos uma sociedade mais justa e permitir que todos participem da sua construção — inclusive nos meios digitais.
Se as notícias, informações, discussões e opiniões sobre o mundo passam hoje pelas redes sociais, esse é um ambiente que também deve promover acessibilidade e diversidade. Por isso, o social media não pode se alienar — seu trabalho faz parte desse meio, tem impacto social e precisa se comunicar com todas as pessoas, sem restrições.
Fecha com a gente nessa? Então, deixa um comentário aí embaixo falando o que você já faz pela inclusão nas redes sociais e como vai aplicar o design inclusivo para social media no seu dia a dia!